Olá pessoal,
É engraçado como um assunto tão importante como a educação financeira possa ser mantido afastado do currículo escolar de qualquer instituição de ensino, de forma generalizada.
É mais ou menos como se o dinheiro fosse um tabú (e em alguns casos e famílias, é), um assunto sujo, a ser mantido à margem, nas conversas de “baixo volume”…
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Aparentemente, as pessoas com pouco senso de valor tem receio de falar sobre dinheiro e parecerem ganaciosas, ou materialistas. A impressão geral é de que quem pensa em dinheiro é uma pessoa ruim, mesmo que 90% das pessoas com menor poder aquisitivo são as que mais pensam em dinheiro, mesmo que se forem perguntadas, neguem isso claramente, como se fosse um crime uma pessoa pobre falar de dinheiro!
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É impressionante a quantidade de gente que termina o 2º grau com uma dívida gigantesca, só porque ninguém – nem pais, nem professores – ensinou este jovem como lidar corretamente com o dinheiro e com as táticas de guerrilha do marketing e do mundo cada vez mais consumista: Se você tem é “in”, se não tem é “out”…!
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Impressionante também é o número de jovens de classe média que recebem mesada e antes do fim da primeira semana já não tem mais nada. E o pior de tudo é que muitas vezes, a mesada deles é superior ao salário mínimo da grande maioria trabalhadora, que vive e SUSTENTA A FAMÍLIA com menos do que a mesada de muitos jovens.
E o pior de tudo é que muitos pais não dão nenhuma importância ao uso que seus filhos fazem deste dinheiro nem fazem nenhum tipo de supervisão ou controle, por mais “sutil” que seja, passando para eles uma mensagem clara de que DINHEIRO NÃO TEM VALOR!
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É muito importante que os pais utilizem a mesada como ferramenta de ensino, NUNCA DE CHANTAGEM OU PUNIÇÃO, pois ela perde não só seu valor educacional como os pais que utilizam esta “tática”, perdem definitivamente seu “poder de barganha” com os filhos, que passarão a enxergar os pais como pessoas ruins, que se utilizam de seu poder (neste caso, financeiro) para impor as suas vontades.
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A única hipótese aceitável para um possível “corte” da mesada seria no caso do dinheiro estar sendo usado para aquisição de bens ou serviços desaprovados pelos pais, como tatuagens, “piercings”, fumo, alcool, etc… Aí sim, tem que valer a autoridade paterna e também o aconselhamento, que num caso como este é mais importante que o dinheiro ou o castigo.
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Igualmente importante é que os pais ajudem os filhos a ver as melhores opções de consumo, lutando e ajudando os filhos a vencer o terrível monstro do consumismo.
Hoje em dia tem se tornado comum ver crianças menores JÁ EM DÍVIDA (com os pais, é claro) por não esperarem para adquirir algum item à vista, recorrendo ao “financiamento paterno” como fonte de recursos. E o pior é que os pais fortalecem este tipo de atitude, concordando e colaborando com tais gastos, sem explicar aos filhos o que são os tão amados e odiados JUROS!!!
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Deve-se destacar que o pilar da educação financeira da criança não deve ser a mesada. Os jovens precisam saber e receber informações (de acordo com a idade de cada um, lógico) sobre os investimentos e oportunidades possíveis, poupança, empréstimos, juros, etc…
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A mesada deve servir de instrumento educacional para os jovens e não como apenas um incentivo ao consumismo, por isso mesmo os pais não devem ceder aos pedidos dos jovens quando a mesada acaba antes do prazo estipulado. Seu patrão não te dá mais um salário quando o seu acaba antes do fim do mês, e isso tem que ser ensinado às crianças também. Acabou, acabou…
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Deve haver um acordo, ou uma espécie de “contrato” com os jovens, onde será estipulado o valor da mesada, a periodicidade, as condições de pagamento (depósito em conta, em espécie, em “mercadorias”, etc) e atrelar esta mesada como uma espécie de “pagamento” pelo cumprimento de metas, como ajudar nas tarefas domésticas, cumprir com deveres familiares ou ajudar em determinadas tarefas dadas pelos pais, mas na minha opinião, NUNCA SE DEVE ATRELAR a mesada a notas e desempenho escolar, porque o jovem ou a criança vai achar que está sendo paga pra estudar, e não é assim que funciona.
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Portanto, antes de fazer este “contrato” tenha em mente que tipo de tarefas pretende que a criança ou jovem realize em troca do seu “salário” e não “atropele” nem confunda as coisas: Se você disse que o jovem ganharia “X” de mesada se ajudasse a lavar a louça da casa durante o mês, e ele (ou ela) fugiu da escola para ir ao cinema com os amigos e foi suspenso, MAS LAVOU A LOUÇA DURANTE TODO O MÊS, conforme o combinado, PAGUE A MESADA, porque o acordo foi relativo à louça, não ao comportamento.
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Além disso, é importante que a mesada substitua GRADATIVAMENTE alguns gastos com a criança ou com o jovem, ou seja, os pais bancam o necessário e a criança, SE QUISER, banca os “mimos” (desde que eles possam arcar com o custo, é claro). Por exemplo: Se a criança está em época de compra de material escolar, os pais compram o material, mas aquele estoja “super-mega-transado-da-hora” fica por conta da criança… Entenderam?
Espero que tenha ajudado àqueles que estejam em dúvidas sobre este assunto e fico à disposição de vocês para responder a qualquer dúvida.
Gostaria de fazer um agradecimento muito especial aos sites dinheirama, edufinanceira, valeparaibano e amigorico que colaboraram com o desenvolvimento desta matéria. Muito obrigado pessoal.
(R.Siqueira)